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Barched Lamsal
Barched Lamsal (ou Dusum Sangye)
por S. Ema. Chagdud Rinpoche
Ensinamento concedido durante uma acumulação da oração Barched Lamsal.
Khadro Ling, março de 1997.
Hoje, vamos fazer uma prática de remoção de obstáculos para que possam se manifestar condições favoráveis. Com essa prática, podemos remover nossos obstáculos e beneficiar aqueles que nos pediram ajuda e fizeram oferendas com esse propósito. Além de remover os obstáculos de quem solicitou a prática, podemos estender o benefício de nossas orações a todos os seres sencientes. No entanto, nossa capacidade de beneficiar está diretamente ligada à pureza de nossas ações. O ponto-chave é a motivação. Devemos manter uma motivação pura em todas as ocasiões, não somente no contexto desta prática específica. A pureza da virtude gerada dependerá da pureza de nossa motivação.
Em primeiro lugar, reconhecemos que, assim como nós, todos os seres – sejam inimigos, demônios ou pequenos insetos – anseiam por felicidade duradoura, mas não encontram a felicidade ou, quando a encontram, é uma felicidade temporária. Além disso, embora queiram ser felizes, com suas ações eles acabam criando o oposto daquilo que desejam. Ao ver essa realidade, sentimos compaixão, mas isso ainda não é o suficiente. É necessário fazer algo. Passamos a maior parte do tempo concentrados em nós mesmos e essa é uma atitude que não traz grande benefício. Nossa ação só será pura se nos desapegarmos de nós mesmos, se tivermos a intenção de ajudar os outros.
Se pensarmos no número de seres que habitam os reinos do samsara, veremos que o número de seres humanos é extremamente pequeno em comparação com o número de seres nos reinos dos infernos e dos fantasmas famintos. Entre os seres humanos, o número de pessoas que procuram uma prática espiritual não é grande. Além disso, é comum que a prática espiritual seja cultivada de forma errada, alimentando o ciúme, a inveja, o orgulho e a sensação de superioridade em relação a outras tradições espirituais. O número daqueles que mantêm uma prática espiritual com o coração puro é comparável ao número de estrelas visíveis durante o dia.
Para que a prática seja pura é necessário que esteja isenta de apego ao eu. Precisamos ser equânimes, evitar idéias como “Eu gosto desta pessoa e faço algo por ela, mas, por aquele outro, que não é uma boa pessoa, não faço.” Ou então, “Minha realização espiritual é melhor que a do outro. Ajudo os meus familiares, mas os outros, não.” Nossa intenção é ajudar a todos os seres, tanto os bons quanto os que causam mal.
Ao praticar, fazemos a aspiração de que nossos obstáculos e os de todos os seres sejam removidos, e que as condições auspiciosas, tanto mundanas quanto espirituais, possam aumentar. Rezamos também para que surjam benefícios a curto e a longo prazo. No entanto, nosso objetivo último é alcançar a iluminação. Se você tiver pesadelos constantes, pode tentar eliminá-los e passar a ter somente sonhos bons, mas ainda assim estará sonhando. Nosso objetivo é despertar do sonho. O mesmo se dá com as experiências do samsara: queremos eliminar as experiências difíceis e incrementar as positivas, mas o objetivo final é alcançar a iluminação para beneficiar a todos que nos verem, ouvirem ou tocarem em nós. Como seguidores do Mahaiana, praticamos para beneficiar a todos os seres. Devemos estabelecer esse tipo de motivação e mantê-la sempre.
Primeira linha
DU SUM SANG DJE GURU RIN PO TCHE
Guru Rinpoche, corporificação dos Budas dos três tempos;
Dirigimos esta oração a Guru Rinpoche. No nível externo, Guru Rinpoche é as Três Jóias, no nível interno é as Três Raízes e no nível secreto é os Três Kaias.
Externamente, ele é a corporificação dos Budas dos três tempos: o Buda do passado, Dipankara, o Buda do presente, Shakiamuni, e o Buda do futuro, Maitréia. Guru Rinpoche é a manifestação da essência última de todos os Budas.
Internamente, com relação às Três Raízes, ele é o lama, a fonte das bênçãos e, dessa forma, incorpora as três linhagens: a linhagem de mente a mente dos vitoriosos; a linhagem simbólica – ou dos sinais – dos detentores do estado desperto e a linhagem oral, transmitida de boca a ouvido. Guru Rinpoche é a essência última da sabedoria do lama das três linhagens.
Num sentido secreto, com relação aos Três Kaias, a natureza de Guru Rinpoche é Darmakaia, a natureza que é vacuidade inseparável de sabedoria.
Segunda linha
NGÖ DRUB KUN DAG DE UA TCHEN PO JAB
Guru que é a grande bem-aventurança, senhor de todas as realizações;
No nível externo, Guru Rinpoche também é a jóia do Darma que traz benefícios temporários e definitivos, visto que sua fala é a fonte das bênçãos dos ensinamentos.
NGO DRUB significa “fonte da verdadeira realização”, portanto, no nível interno, com relação às Três Raízes, Guru Rinpoche também é a deidade escolhida, o Yidam. Com relação aos Três Kaias, no nível secreto, ele também é Sambogakaia, a grande bem-aventurança.
Terceira linha
BAR TCHED KUN SEL DUD DUL DRAG PO TSAL
Guru que é o Dinâmico e Irado Domador de Maras, dissipador de todos os impedimentos;
Guru Rinpoche é o dissipador dos obstáculos nos cinco caminhos e dez bumis. A sanga auxilia na remoção de obstáculos e infortúnios e no aumento de qualidades positivas no caminho espiritual. Dessa forma, no nível externo, Guru Rinpoche também é a Sanga.
As dakinis e os protetores são a fonte da realização das atividades. Com essa prática, removemos todos os obstáculos à prática espiritual para que, então, as quatro atividades possam ser realizadas. Sendo assim, no nível interno, Guru Rinpoche também é as dakinis e os protetores do Darma. Ele incorpora toda a mandala das Três Raízes.
No nível secreto, ele também é Nirmanakaia, o objeto de refúgio de seres elevados e inferiores. Ele se manifesta de forma física para beneficiar todos os seres através dos ensinamentos e também os beneficia diretamente ao conceder iniciações, colocando-os no caminho da liberação. Assim sendo, Guru Rinpoche, que tem todas essas qualidades, é o objeto de nossa oração.
No nível externo, ele é as Três Jóias: Buda, Darma e Sanga. No nível interno, ele é as Três Raízes: Lama, Deidade Escolhida (Yidam) e Dakini. No nível secreto, ele é os Três Kaias: Darmakaia, Sambogakaia e Nirmanakaia.
Guru Rinpoche é a manifestação de todos os seres iluminados, a fonte de todos os ensinamentos que nos proporcionam benefício temporário e definitivo. Ele é o detentor da coroa de todas as sangas e o detentor da coroa de todos os seres iluminados.
DUD DUL DRAG PO é um nome secreto de Guru Rinpoche cujo significado é: aquele que, sem medo, remove todos os obstáculos causados por obstrutores. Ele remove os obstáculos, que são os quatro maras. Quando tais obstáculos são removidos, os quatro tipos de atividades podem ser realizadas: a atividade pacífica, a de incrementação, a do poder e a irada. Por meio dessas atividades podemos beneficiar a todos os seres.
O objeto da nossa oração é puro desde o princípio sem princípio. Ao removermos os obstáculos temporários, as duas purezas podem ser consumadas.
Pelo poder da grande sabedoria, os dois tipos de obscurecimentos (venenos mentais e obscurecimentos intelectuais) podem ser removidos. Pela consumação do estado desperto além dos extremos, os obscurecimentos são liberados diretamente no espaço básico. Por isso, Guru Rinpoche é chamado o detentor de toda manifestação.
Quarta linha
SOL UA DEB SO DJIN DJI LAB TU SOL
Quando recitamos esta oração, num sentido externo estamos chamando o nome de Guru Rinpoche, mas o que verdadeiramente precisamos entender é que Guru Rinpoche é a fonte de todas as qualidades puras e, por isso, ele tem o poder de remover todos os obstáculos.
Pensamos em Guru Rinpoche com respeito e rezamos com fé intensa. E por que rezamos? O que desejamos quando rezamos?
Com a oração externa, nos aproximamos do objeto da nossa oração. Em tibetano, essa fase é chamada nyempa (aproximação), cujo significado é “movidos pela fé, nos aproximamos”.
Outra fase é chamada drugpa, que significa realização. Num sentido interno, reconhecemos que Guru Rinpoche é inseparável das Três Jóias, das Três Raízes e dos Três Kaias. Seu corpo, fala e mente é a mandala do corpo, fala e mente de sabedoria. Nosso corpo, fala e mente também têm uma natureza pura desde o princípio sem princípio, que antes não reconhecíamos. Reconhecer essa natureza pura e manter o reconhecimento é o significado da fase de realização (drugpa).
Num sentido secreto, a natureza da nossa mente é inseparável dos Três Kaias:
O Darmakaia é a própria natureza da nossa mente, a vacuidade inseparável de suas qualidades incessantes. O Sambogakaia reúne os cinco aspectos do estado desperto atemporal, que são:
1- A sabedoria darmadatu, que é a natureza da mente além dos extremos.
2- A sabedoria discriminativa.
3- A sabedoria clara como espelho.
4- A sabedoria da equanimidade.
5- A sabedoria que tudo realiza.
Há também o Nirmanakaia e o Sobavakakaia. Os quatro kaias e as cinco sabedorias são a nossa própria mente, inseparável do Lama. Precisamos adquirir confiança em relação a esse reconhecimento. A natureza de quem reza e a do objeto da oração são inseparáveis. Descansar sem esforço nessa natureza é a atividade iluminada.
DJIN DJI LAB TU SOL – aqui invocamos ou pedimos as bênçãos. Como as bênçãos nos são concedidas?
Ao receber a bênção do corpo de sabedoria, nosso corpo é transformado em um corpo de luz, o corpo vajra, que tem as sete qualidades vajra: ele é invulnerável, indestrutível, autêntico, incorruptível, estável, desobstruído e invencível. Ao receber a bênção da fala iluminada, consumamos a fala iluminada, ou fala vajra, a inseparabilidade de som e vacuidade. Ao receber a bênção da mente iluminada, consumamos a mente iluminada, a mente vajra. Portanto, solicitamos bênçãos dessas três maneiras e pedimos que possamos revelar o corpo, a fala e a mente iluminados.
Quinta linha
TCHI NANG SANG UE BAR TCHED JI UA DANG
Com relação aos obstáculos que podem surgir em nossa prática e impedir que alcancemos a iluminação, há os obstáculos externos, que são os medos. Todos os medos são manifestações externas de nossos venenos mentais e podem ser divididos em dezesseis categorias. Por exemplo, o orgulho se reflete externamente como o medo de terremoto, a raiva se reflete externamente como o medo de fogo e assim por diante.
1- medo da terra, medo de terremoto.
2- medo da água.
3- medo do fogo.
4- medo de vento, furacão.
5- medo da chuva de meteoros.
6- medo de armas em geral.
7- medo de cadeia, medo de autoridades.
8- medo de inimigos, ladrões e assaltantes.
9- medo de demônios canibais.
10- medo de elefantes furiosos e alucinados.
11- medo de leões.
12- medo de cobras venenosas.
13- medo de doenças contagiosas.
14- medo da morte inesperada.
15- medo da pobreza.
16- medo de não realizar as aspirações.
Os obstáculos internos são os quatro maras:
1- o mara dos agregados do corpo.
2- o mara dos venenos mentais.
3- o mara do falso contentamento. Acreditar na felicidade temporária, sem reconhecer que tudo muda o tempo todo. É como lamber o mel que está sobre a lâmina de uma faca.
4- o mara da morte.
Os obstáculos secretos são os venenos mentais: ignorância, desejo, raiva, inveja/ciúme, orgulho. Todos esses obstáculos criam empecilhos à iluminação. Como removemos os obstáculos externos? Com o reconhecimento de que toda aparência é o corpo puro, todo som é a fala pura e que a natureza da mente é sabedoria pura. Toda forma, tudo o que vemos, toda aparência é reconhecida como a forma pura da deidade. Todo som que ouvimos é o mantra da deidade, o som puro. Reconhecemos o que surge na nossa mente como inseparável do estado desperto atemporal, Darmakaia.
Quando alcançamos a realização da natureza pura de todas as coisas, os obstáculos externos se dissolvem. Se reconhecermos a natureza absoluta, os pensamentos duais se dissolvem, eliminamos o apego ao eu e, assim, conquistamos os maras, purificamos os cinco venenos mentais e consumamos as cinco sabedorias. Com isso, qualquer obstáculo que se manifestar será transformado em algo bom ou melhor.
Os obstáculos externos, internos e secretos são removidos pelo poder das bênçãos do corpo, fala e mente iluminados de Guru Rinpoche.
Sexta linha
SAM PA LUN DJI DRUB PAR DJIN DJI LOB
SAMPA significa que tudo que desejarmos no nível temporário possa ser realizado e que, deste momento até que alcancemos a iluminação, todas as condições favoráveis desejadas possam se manifestar.
Quais são essas condições favoráveis? Uma existência nos três reinos superiores: no reino dos deuses, dos semideuses ou dos seres humanos. Para isso precisamos desejar possuir sete qualidades que são:
1- Ter uma vida longa. Precisamos do nosso corpo humano. Este corpo é um bom veículo, e, como em um barco, a mente é o capitão. A mente determina a direção e o corpo a serve. Então, precisamos desejar ter uma vida longa.
2- Ter saúde. A mente pode ter pensamentos positivos, mas, se o corpo estiver doente, não conseguiremos realizar o que pensamos; por isso, desejamos ter um corpo saudável, bom e forte.
3- Ter boa fortuna, boa sorte, prosperidade.
4- Ter uma boa família, porque, se nascemos em uma família de índole ruim, podemos ser influenciados negativamente.
5- Ter boas condições financeiras, não ser pobre nem passar por dificuldades.
6- Ter qualidades como a inteligência, porque, sem inteligência, também se está impossibilitado de realizar coisas.
7- Ser bonito.
Essas são as sete qualidades dos renascimentos elevados.
As sete riquezas são:
1- Fé. Seja qual for a sua tradição, se você não tiver fé, não haverá conexão. Se você não mantiver a conexão, sua prática não dará resultado.
2- Disciplina moral. Abandonar ações negativas e agir de forma virtuosa.
3- Diligência, perseverança com alegria.
4- Ser consciencioso. Ter vergonha de fazer coisas erradas por saber que os outros vão perceber.
5- Conhecimento (inteligência). Você pode querer fazer algo positivo, mas se não tiver conhecimento, não conseguirá. É importante ter a qualidade ou a boa fortuna da escuta para poder adquirir conhecimento.
6- Generosidade. Sendo avarento, não sabendo dividir nada com ninguém, mesmo que você saiba ouvir, seja saudável, tenha capacidades e qualidades, não produzirá benefício.
7- Ter o conhecimento profundo, ou conhecimento transcendental, o melhor conhecimento; em tibetano: sherab.
No caminho espiritual não basta apenas ser diligente. Pode ser que algo o incomode durante a prática e você sinta vontade de parar, mas se force a continuar praticando – essa situação não é a ideal. No entanto, se soubermos que a prática traz benefícios para nós e para os outros, praticaremos com entusiasmo. Teremos essa qualidade da perseverança com alegria. Se não tivermos perseverança com alegria, sempre que surgirem dúvidas nossa prática enfraquecerá.
Pedimos as bênçãos para que possamos usufruir de todas as condições favoráveis no caminho que leva ao objetivo último: alcançar a realização extraordinária. Todos os seres, sejam seres humanos, animais, ou outro tipo de ser, têm mente. A essência da mente é a natureza búdica, que é pura. Não importa o tamanho do ser, se é grande ou pequeno, pois a sua essência é pura.
Se todos nós temos uma essência pura, então por que surge a experiência do samsara? Porque ainda não reconhecemos nossa essência pura. Ela está encoberta por obscurecimentos temporários, como os venenos da mente e os obscurecimentos intelectuais. Temos o hábito de não entender, de não reconhecer a essência pura: é isso que gera a experiência do samsara. O caminho para transformar a experiência do samsara e chegar à consumação da natureza absoluta é o acúmulo de mérito e de sabedoria.
A natureza da mente de cada ser é inseparável dos quatro kaias e das cinco sabedorias (ou cinco aspectos do estado desperto) e, no momento, está encoberta por obscurecimentos temporários. Com a prática dos estágios do desenvolvimento e da consumação, podemos remover esses obscurecimentos temporários e alcançar a realização extraordinária: o reconhecimento da verdadeira natureza da mente. Pedimos as bênçãos para alcançar essa realização extraordinária, a consumação do reconhecimento sem esforço da natureza absoluta.
Ver Chagdud Rinpoche, Guru Rinpoche, estado desperto, samsara.
Mala
Para budistas tibetanos o Mala (Skt.: mala. Tib.: treng wa, འཕྲེང་བ་), ou Japamala, é ferramenta que ajuda a focar a mente. Ao usar o Mala para recitar mantras e orações, você o imbui da energia dessas preces tornando-o um objeto sagrado, símbolo de bênçãos e de proteção. A repetição desses sons sagrados abre o coração para o amor e a compaixão.
O Mala é utilizado para contar mantras em grupos de 108 repetições ou pode conter contas que somem múltiplos de 108, de modo que facilitem a contagem e acumulação das preces.
Pode ser usado como ornamento.
Ver Guru Bead, Bhum, marcador e contador.
Contadores de Mala
O budismo, como outras tradições, usa rosários de contas como uma forma de prática de meditação. O Vajrayana (budismo tântrico) exige que um aluno siga as instruções de sua linhagem, e isso inclui a realização de números definidos de várias atividades, incluindo a recitação, ou acumulação de mantras. Os contadores de Mala e marcadores de Bhum ajudam a apoiar e acompanhar essa prática devocional comprometida.
Há muitas maneiras de marcar e contar mantras, incluindo escrever em um papel, usando um contador de click mais antigo e até pedrinhas.
Uma volta completa em torno de seu Mala, recitando um mantra, é contado como cem. As oito contas restantes são deixadas para a “desatenção”.
Quando você termina um ciclo de mantras (cem repetições de mantra), move uma peça do contador (você pode determinar qual dos lados – lado A). Quando você termina dez ciclos, são mil mantras. Agora, mova as dez contas deste contador para a posição original e mova uma conta do outro lado (lado B). Ao completar todo o segundo lado, você realizou dez mil mantras, e é essa contagem que chamamos de Bhum, um ciclo de 10mil recitaçãoes.
Normalmente, o conjunto de contadores de mala tem um sino em e dorje no final, mas podem ser feitos com outros símbolos.
Você pode escolher um lado para contar as centenas 0 e o outro lado para contar milhares. A maioria prefere contar centenas no lado do dorje e milhares do lado do sino.
Nesse ponto, você pode reiniciar o contador.
É aí que entra em uso marcador de Bhum, irá ajudá-lo a rastrear as dezenas de milhares de mantras.
Marcadores de Bhum (que literalmente signivica ciclo) são “clipes” ou pingentes que são usados entre as contas do seu mala para contar grandes quantidades de mantras.
Você pode usar também vários marcadores de Bhum sempre que quiser resetar ou para marcar a recitação de diferentes mantras.
Incenso
A fumaça do incenso é uma oferenda ao olfato dos Buddhas. Ao fazer esta oferenda geramos mérito e podemos dedicar para uma pessoa escolhida e ampliar este desejo auspicioso para o benefício de todos os seres. E por ter esta interdependência de oferenda, desejo auspicioso e dedicação, o local onde o incenso é oferecido fica imbuido de energia positiva e sensação de paz.
Por serem feitos de forma tradicional, relíquias, preciosidades e ervas naturais, os incensos tibetanos também atuam de forma medicamentosa, aliviando alergias, dores e facilitando o relaxamento.
INGREDIENTES
Os principais ingredientes do incenso incluem sândalo, cravo, sandalo vermelho, cardmomo, açafrão, noz moscada, aquilaria agallocha, mel puro, açúcar de cana, shorea robusta, nandostachys jatamansi, canfora e pó de junípero. A estes também são adicionadas uma vasta gama de outras ervas e plantas típicas com poder medicinal e de fumigação.
Todos os ingredientes são primeiro moídos em pó. O pó é então misturado com água, açúcar e mel. O junípero é o componente principal, embora a quantidade de juníper depende do tipo de incenso.
A mistura, é amassada para ficar uniforme, é então armazenada em um grande recipiente em uma temperatura morna. Há um aroma especial como sinal de fermentação após cerca de uma semana.
Gugul, uma resina de goma, é adicionada a ela para atuar como uma substância adesiva e a mistura é mais purificada antes de ser colocada através do prensador para transformá-la em varetas de incenso. As varas são endireitadas, cortadas em tamanhos regulares e secas na sombra por vários dias.
INCENSO
A queima de incenso ou poe é um costume muito popular da cultura budista do Himalaia.
Com a sua origem em rituais budistas indianos de oferecer aroma (gandhapuja) e a antiga oferenda de fumaça de Bon (sang), o uso de incenso tem uma longa história e um profundo significado cultural e religioso.
Em seu sentido mais mundano, o incenso incorpora a essência do cheiro agradável, um dos cinco objetos do prazer sensual. É considerada como uma substância que estimula os sentidos, trazendo prazer físico e tranqüilidade mental.
Na sua forma última, o incenso simboliza a pureza e a perfeição de todos os objetos do sentido olfativo e é personificado sob a forma da deidade feminina Dugpoema.
De uma aldeia à um grande templo, a oferenda de incenso e de fumaça constitui uma prática muito comum e essencial, realizada diariamente para vários fins.
A queima de incenso geralmente é praticada como um ritual de oferenda.
Todas as manhãs, ao nascer do sol, surgem ondas de fumaça em frente às casas no Nepal, Butão, Índia, Tibete… . Em todos os templos e salas de meditação, o incenso também é queimado regularmente em incensários especialmente talhados, durante a meditação e em cerimônias.
Queimar incenso e ramos frescos de vários tipos também marcam a recepção de pessoas sagradas e importantes professores.
As procissões cerimoniais também são lideradas por uma pessoa que carrega um incensário com incenso perfumado.
A fumaça do incenso não é apenas uma oferta de cheiro perfumado, mas forma um meio para a visualização de uma oferenda muito maior e multifacetada. O incenso e outras substâncias a ser queimada são primeiro purificados através de uma profunda dissolução meditativa no estado de Vacuidade. Então, as ondas de fumaça, que surgem de forma ilusória da expansão do vazio, são transformadas através de uma projeção meditativa em infinitas nuvens de ítens maravilhosos oferecidos.
Então visualizamos as nuvens de oferenda multiplicadas para cobrir todo o universo e apresentadas aos vários objetos de veneração e oferta. A literatura budista classifica os destinatários da oferenda em quatro tipos de convidados:
- Os seres iluminados, como os Budas, que são objetos de veneração.
- As divindades celestiais, como os protetores do dharma, que possuem qualidades nobres.
- Os seres sencientes de seis reinos, que estão sofrendo no ciclo da existência e, portanto, dignos de compaixão.
- Os espíritos malignos que causam danos às pessoas para pagar a dívida cármica negativa acumulada nas vidas anteriores.
O fumaça de incenso é visualizada como inúmeros tipos de itens agradáveis e é apresentado a esses destinatários em qualquer forma e forma que desejem ter. A oferenda de incenso – fumaça é, portanto, um exercício de caridade e visualização meditativa.
Incenso como fumigante
A queima de incenso é também uma técnica de fumigação muito conhecida. O incenso contém ingredientes à base de plantas que possuem qualidades de medicinais. Além do poder das substâncias, a fumaça é investida de bênçãos de visualização meditativa e mantras poderosos. A fumaça de incenso é então usada por pessoas religiosas para centir objetos sagrados, pacificar espíritos, tratar pessoas doentes e purificar negatividades. O incenso também é usado para aplacar espíritos maliciosos e saciar os desejos de várias divindades.
Incenso como terapia
Composto por uma ampla gama de ingredientes à base de plantas, o incenso também possui um poderoso valor terapêutico. Pode ser usado em aromaterapia para relaxar o corpo e acalmar a mente. Ele ajuda a nutrir e estabilizar a composição psico-somática do ser humano. O aroma do incenso estimula os sentidos para desbloquear os canais de energia e libera o bem-estar pessoal.
Guru Rinpoche
Guru Rinpoche – Padmasambava, o mestre iluminado cujo surgimento foi profetizado por Buda Shakiamuni, propagou os métodos do Budismo Vajraiana extensivamente no século VIII no Tibete. Usando os métodos extraordinários do Vajraiana, ele subjugou as energias negativas, conduziu o rei e 24 outros discípulos à realização da natureza absoluta da mente e estabeleceu as instruções diretas de meditação de uma forma tão poderosa que hoje, 13 séculos depois, elas ainda oferecem um caminho autêntico à iluminação.
Guru Bead
Guru Bead (skt: मेरुः meru, tib: ལྷུན་པོ། (Wyl. lhun po): pedra do professor, guru.
Ao usar o mala pra a recitação de mantras, quando chegamos ao guru-bead, devemos reforçar a nossa devoção pelo Guru, aproximando-nos, buscando em nós um espelho de Sua imagem.
Parar no Guru Bead, girar o mala e retornar, duarante a meditação, remete aos aspectos de nossa vida quotidiana, é uma parada para refletir sobre a sua motivação e a importancia de sua meditação para o benefício dos seres.
Ver Mala
Gochen Tulku Sang Ngag Rinpoche
Gochen Tulku Sang Ngag Rinpoche foi reconhecido por Khyentse Chökyi Lodro Rinpoche como a sexta reencarnação de Gyalwa Gyatso, uma das duas reencarnações de Drimed Lingpa. Ainda menino, Tulku Sang Ngag estudou com seu pai, Namchak Tashi, com quem aprendeu a tradição de liturgias e rituais religiosos da sua família, bem como medicina tibetana tradicional. Aprisionado pelos chineses comunistas durante a Revolução Cultural, passou dez anos preso na companhia de muitos grandes lamas, tulkus e eruditos, dos quais recebeu mais ensinamentos.
Ao ser libertado, foi para a Índia e depois, para o Nepal. Durante 14 anos serviu Kyabje Dilgo Khyentse Rinpoche no Sechen Gonpa, onde também atuou como mestre-vajra e professor por sete anos. O descobridor de tesouros Padgyal Lingpa o encarregou formalmente da custódia de seus tesouros revelados e concedeu-lhe iniciações e ensinamentos deste ciclo. Muitos alunos do Chagdud Gonpa nos Estados Unidos receberam de Tulku Sang Ngag Rinpoche os ciclos de iniciações de Padgyal Lingpa, que são a base para a prática de Vajrasatva Vermelho que realizam. Dentre suas diversas atividades, estabeleceu centros nos Estados Unidos e tem sob sua direção um monastério de monjas em Parping, no Nepal. Em 2001, veio ao Brasil para consagrar as oito estupas do Khadro Ling.
Ghau
Ghau é um relicário budista, geralmente usado para guardar dutsi, uma substância medicinal feita pelos mais altos mestres em cerimônias auspiciosas que tem longa duração. Esses relicários também são usados para guardar mantras ou outros ítens abençoados que merecem especial referência e devoção pelo praticante budista.
Lótus
A Flor de Lótus – “O Espírito imaculado de todos os seres” – As raízes do lótus estão na lama e o talo cresce pela água e as flores se abrem ao sol, fortemente apoiadas sobre a água. Isso significa o processo de purificação da essência de casa ser, saindo da lama da ignorância e florescendo a luz da sabedoria.
A cor de cada flor tem uma simbologia associada:
O lótus branco representa o estado de perfeição espiritual e total pureza da mente.
O lótus vermelho é o lótus do amor, da compaixão, da pureza do coração.
O lótus azul simboliza a vitória da sabedoria. É a flor de Manjushri.
“O lótus rosa é o lótus supremo. Representa a deidade mais alta, o Guru.
Kártika
Kártika, também chamado de Drigug ou faca curva, é um pequeno punhal, seu crescente simboliza o corte de todos os laços materiais e mundanos, enquanto que o gancho rompe o véu do ego. Ela é coroada com um Vajra, que destrói a ignorância e conduz à iluminação. A Kartika representa o corte dos obscurecimentos para o progresso no caminho espiritual incluindo orgulho, a falta de fé, ilusões, distração e desatenção.
Gyaltsen
O Estandarte da Vitória – tibetano: རྒྱལ་མཚན Gyaltsen
A bandeira da vitória foi adotada no budismo como um emblema da iluminação de Buda Shakyamuni e sua vitória sobre todo o mal que nos impede de acessar nossa verdadeira natureza iluminada.
Este estandarte simboliza a vitória de Buda sobre Mara, o senhor das Ilusões. No budismo, se explica que toda experiência no mundo, vem de um entendimento pessoal da realidade, ou seja, cada pessoa irá experiênciar o mesmo objeto, de forma diferente, pessoal. Esse significado que damos às experiências e objetos, são ilusões, pois não são a realidade absoluta do objeto. Quando entendemos que todo objeto é vazio de significado até o momento em que criamos um, nos libertamos da crença de uma ilusão que criamos e que seguimos como verdades. Essa é a vitória libertadora dessa compreensão, uma vitória sobre todas as características que vivemos em base de ilusões: os desejos, a ignorância e a aversão.