Lama Jigme Lhawang (no português Djigmê Láuang) é o primeiro ocidental do continente Americano a ser ordenado lama na Linhagem Drukpa do Budismo Tibetano pelo líder e autoridade máxima da Linhagem Drukpa, S.S. Gyalwang Drukpa e por seu regente espiritual S.Ema Gyalwa Dokhampa. Também é o presidente e diretor espiritual da Comunidade Budista Drukpa Brasil e o representante oficial da Linhagem Drukpa e de S.S. Gyalwang Drukpa no Brasil bem como presidente de honra do Instituto Live to Love Brasil, o braço brasileiro da Fundação Humanitária Live to Love Internacional. Lama Jigme Lhawang treina no budismo desde 1995 e, de 2003 a 2013, treinou como monge budista em universidades monóasticas e eremitérios sagrados na Índia e Nepal.
Estudou história, filosofia e psicologia budista bem como tradução oral e literária da língua tibetana pelo período de 10 anos na universidade Dzongsar Shedra, na Índia e na Kathmandu University, no Nepal. É psicoterapeuta e especialista na área do equilíbrio emocional e do cultivo da atenção plena e é professor formado e autorizado em Cultivating Emotional Balance (Cultivo do Equilíbrio Emocional) pelo Instituto Santa Bárbara de Estudos da Consciência (Califórnia), um programa de formação baseado em evidências científicas criado pelos professores Dr. Paul Ekman e Dr. B. Alan Wallace.
Trajetória
No dia 3 de janeiro de 2012 o então monge Ven.Ngawang Tenphel foi ordenado Lama Jigme Lhawang na Linhagem Drukpa (do tibetano, Dragão) do budismo tibetano. A ordenação foi conferida por Sua Santidade Gyalwang Drukpa, líder espiritual e autoridade máxima da linhagem, e por seu regente e herdeiro espiritual, Sua Eminência Gyalwa Dokhampa. Na mesma ocasião Lama Jigme Lhawang foi nomeado o representante oficial da Linhagem Drukpa e de S.S.Gyalwang Drukpa no Brasil, sendo-lhe atribuída também, a posição de diretor espiritual da Comunidade Drukpa Brasil.
A palavra “Lama” significa “professor e guia espiritual”, e Ven. Lama Jigme Lhawang (no português Djigmê Láuang) recebeu sua nomeação como o primeiro lama brasileiro da linhagem Drukpa, no 10º dia do 21º mês do ano 2138 do calendário tibetano, o dia comemorativo de uma das oito manifestações de Guru Padmasambhava, Guru Dorje Drollo (do sânscrito, Vajrakrodha). Neste dia sagrado, a ação na forma irada e destemida de Guru Rinpoche manifestou-se na caverna de Paro Taktsang, no Butão, subjugando e atando por juramento as deidades locais e os guardiões de tesouros espirituais.
No dia 20 de fevereiro de 2013, décimo dia do primerio mês do calendário tibetano, dia sagrado comemorativo da iluminação de Guru Padmasambhava e do aniversário de S.S. Gyalwang Drukpa, o Lama Jigme Lhawang foi nomeado por Sua Santidade e Sua Eminência como o representante, guia espiritual e lama responsável da Linhagem Drukpa para o continente Americano.
Lama Jigme Lhawang iniciou seus estudos e treinamento no budismo em 1995 no Brasil, aos 14 anos de idade, com Kyabje Chagdud Tulku Rinpoche (de quem recebeu seu refúgio no Dharma com o nome de Padma Pawo e sua ordenação tântrica) e seu filho espiritual Lama Padma Samten (o primeiro lama brasileiro ordenado na Linhagem Nyingma) com quem viveu, aprendeu e treinou meditação por 7 anos contínuos. Em 2003, logo após ao falecimento de S.Ema. Chagdud Rinpoche, em uma ação pouco comum para um jovem ocidental, dirijiu-se à Índia, local onde recebeu sua ordenação laica (skt. upasaka) por Sua Santidade o Dalai Lama e, em seguida, a ordenação monástica por Sua Santidade Trulshik Rinpoche, autoridade máxima da linhagem Nyingma, hoje já falecido. Desta forma, Lama Jigme Lhawang teve S.S. Dalai Lama e S.S. Trulshik Rinpoche como seus mestres raízes de ordenação que, coincidentemente, também foram mestres raízes de Sua Santidade Gyalwang Drukpa.
Na sua formação como monge, Ven. Lama Jigme Lhawang recebeu empoderamentos, transmissões orais e ensinamentos de todas as principais linhagens do budismo tibetano – Nyingma, Káguiu, Sakya e Gelugpa – por muitos de seus principais representantes e líderes espirituais, tais como S.S. Dalai Lama (líder espiritual do povo tibetano), S.S.Gyalwang Drukpa (líder espiritual da Linhagem Drukpa), S.S. Sakya Trizin (líder espiritual da Linhagem Sakya) e S.S. Trulshik Rinpoche (líder espiritual da Linhagem Nyingma).
Por 3 anos viveu e estudou na Universidade Monástica Dzongsar Shedra na companhia de outros 600 monges e 15 Khenpos. Lá, além de estudar a língua tibetana e de receber as transmissões orais e o aprofundamento nos principais tratados filosóficos indianos, estudou história, lógica, psicologia, filosofia e prática budista e recebeu preciosos ensinamentos e transmissões de Kyabje Dzongsar Khyentse Rinpoche, e muitos outros Rinpoches e Khenpos da Linhagem Sakya. Durante o período de 2 meses na Universidade Monástica Dzongsar Shedra, Sua Santidade Sakya Trizin lhe concedeu o empoderamento, transmissão oral e instruções completas do Lamdre (Caminho-Resultado), a mais elevada categoria de ensinamentos da Linhagem Sakya, do Tantra Revajra, das yôgas de Virupa e de uns dos ensinamentos principais da Linhagem Sakya chamado “Libertando-se dos Quatro Apegos, que um dos grandes mestres fundadores da Linhagem Sakya – Sachen Kunga Nyingpo, recebeu diretamente de Manjushri.
De S.S. Dalai Lama recebeu empoderamentos, transmissões orais e instruções de todos os veículos (fundacional, marrayana e vajrayana) e linhagens do budismo tibetano. Da tradição marrayana recebeu a transmissão oral e instruções de Shamata e Vipassana, a partir da escritura “Os Estágios do Caminho da Meditação” do Pandita indiano Kamalashila como, também, a transmissão oral e instruções do Sutra do Coração e do Sutra do Diamante, em especial, o empoderamento, transmissões orais e instruções completas de Kalatchakra em Amaravati, no sul da Índia, local sagrado onde Buda Shakyamuni transmitiu esta prática espiritual, uma meditação tântrica classificada como a “Mais Elevada Yoga Tantra” do vajrayana. Recebeu ainda a transmissão oral e instruções completas de “Uma Lâmpada no Caminho do Despertar” (Lamdron) do Pandita indiano Atisha Dipamkara, que estabelece a fundação do treinamento da mente (tib. Lodjong) da antiga linhagem de yôguis Kadampa, e dos “Estágios do Caminho à Iluminação” (tib. Lamrim) de Tsonkhapa, o caminho completo e principal prática espiritual da Linhagem Gelugpa.
Referente a Linhagem Káguiu, também de S.S. Dalai Lama, recebeu a transmissão oral e instruções das 100.000 Canções Espirituais de Milarepa e da história de sua iluminação composta pelo mestre da Linhagem Drukpa, o yôgui de louca sabedoria, Tsangnyon Heruka. E, a partir da Linhagem Nyingma, recebeu de S.S.Dalai Lama, os empoderamentos, transmissões orais e instruções da tradição Dzogchen Longchen Nyingtik de Jigme Lingpa e Longchen Rabjam, desde o texto raíz do Longchen Nyingtik Ngondro, o comentário para com o texto raíz chamado “Palavras do meu Professor Perfeito” de Patrul Rinpoche e os Três Ciclos de instruções Dzogchen de Longchen Rabjam chamadas “Dzogchen Ngalso Korsum” (Os Três Ciclos do Descanso Revitalizador da Grande Perfeição).
No final de 2008, após 12 anos de estudo no Darma e 5 anos de intensivo treinamento monástico, bem como de diversos retiros de curta e longa duração e de estudos filosóficos do budismo, Ven. Ngawang Tenphel, retornou ao Brasil, sendo apontado como um professor do Darma dentro da Sangha do Centro de Estudos Budistas Bodisatva (CEBB) pelo seu diretor espiritual, o Lama Padma Samten. Assim, pela indicação de Lama Samten, viajou extensivamente pelos CEBBs do Brasil dando ensinamentos, conduzindo retiros e sendo convidado para palestrar em universidades brasileiras e em monastérios e centros de outras tradições budistas como também em encontros e diálogos inter-religiosos.
Em paralelo aos seus estudos da língua tibetana e da filosofia budista, Lama Jigme Lhawang realizou diversos retiros solitários de longa duração sob a orientação de seu Guru Raíz Sua Santidade Gyalwang Drukpa, permanecendo por vários meses em heremitérios e cavernas nas montanhas dos Himalaias indianos e cooperando para reacender a chama do estilo da antiga tradição de yôguis da Linhagem Drukpa.
A partir de S.S. Gyalwang Drukpa, Lama Jigme Lhawang recebeu a transmissão oral completa e as instruções do Ornamento da Liberação de Gampopa (no tibetano, Dakpo Thargyen) e vem sendo treinado dentro de ambas as tradições de Marra-mudra e Dzogchen, como também nas principais práticas espirituais da Linhagem Drukpa. E, na linhagem Nyingma, também de Sua Santidade, vem recebendo instruções nas práticas da tradição de Dudjom Tersar tais como Throma Nagmo e da tradição de Jigme Lingpa/Longchen Rabjam tais como Yangtik.
Em 2009, por orientação de S.S. Gyalwang Drukpa, mudou-se para o Nepal, buscando ficar mais próximo ao seu Guru, dando continuidade ao treinamento na Linhagem Drukpa através de retiros e estudos do budismo. No seu aprofundamento na tradição dos Dragões, vem recebendo empoderamentos, transmissões orais e instruções de muitos outros mestres Drukpa tais como S. Ema. Khamtrul Rinpoche, S. Ema. Thuksey Rinpoche, S. Ema. Drukpa Choegon Rinpoche, S. Ema. Sey Rinpoche, S. Ema. Gyaltsen Tulku Rinpoche, S. Ema. Kunga Rinpoche, S. Ema. Drubwang Tsoknyi Rinpoche, Ven. Jetsunma Tenzin Palmo, Khenchen Sonam Gyatso Rinpoche, Khenchen Thrinle Dorje Rinpoche e muitos outros mestres.
Na sequência começou a organizar e liderar peregrinações a Ásia incentivado por seus mestres. O roteiro contempla visitas aos locais sagrados do budismo, com estudo e meditação durante o trajeto, proporcionando encontros, ensinamentos e retiros com grandes mestres. Desta ação surgiu o “Dharma Yatri” (www.dharmayatri.org), do qual é diretor e co-fundador. Em 2009, apoiado pelo Dharma Yatri, juntamente com a direção de Melissa Flores, idealizou o “Projeto Yatra” (www.projetoyatra.com.br), um documentário/filme entitulado “Yatra: Uma Viagem Externa, Interna e Secreta”, sobre peregrinos brasileiros encontrando o sagrado através de uma peregrinação aos Oito Lugares mais Sagrados de Buda na Índia e no Nepal. O documentário conta com a participação de diversos mestres tais como S.S. Dalai lama, S.S. Gyalwang Drukpa, S.S. Sakya Trizin, S.Ema. Drukpa Choegon Rinpoche, S.Ema. Lama Zopa Rinpoche, Lama Padma Samten, Prof. Dr. B. Allan Wallace e outros lamas.
Apresentando as qualidades da alegria e humildade, visivelmente marcantes na Linhagem liderada por S.S. Gyalwang Drukpa, Lama Jigme Lhawang atuou (e ainda atua) como tradutor. Em 2006, fez parte da equipe de tradução dos ensinamentos do mundialmente reconhecido mestre da Linhagem Nyingma S.Ema. Sogyal Rinpoche e de S.Ema Dzongsar Khyentse Rinpoche, para um grupo de peregrinos brasileiros, na Índia. Também serviu como tradutor assistente do tibetano para o inglês da transmissão completa do Lamdre, concedida por S.S. Sakya Trizin em 2008 na Universidade Monástica Dzongsar Shedra, nos Himalaias indianos. Foi um dos tradutores oficiais para a língua portuguesa dos ensinamentos Dzogchen concedidos por S.S.Dalai Lama em 2010, em Bodhigaya, como também tem servido como tradutor de vários mestres da linhagem Drukpa desde 2009 durante o Concílio Drukpa Anual (ADC). Foi ainda o tradutor do tibetano para o inglês dos ensinamentos de S.S. Gyalwang Drukpa sobre Ngondro e Marra-mudra durante a Pad Yatra 2011, pelo período de 1 mês, quando caminhou lado-a-lado com seu Guru pelos diferentes locais sagrados do território indiano.
Atualmente, é um dos tradutores oficiais do tibetano de S.S. Gyalwang Drukpa e da Linhagem Drukpa. Completamente devotado ao caminho do Dharma pelos últimos 16 anos de sua vida, o treinamento que, segundo ele, foi desempenhado unicamente pela bondade de seus professores, lhe confere hoje atributos de um grande estudioso e de um qualificado professor do Dharma.
Em 2014, com as bençãos e orientação de S.S. Gyalwang Drukpa, tornou-se um lama ngakpa (um guia espiritual tantrika, integrando sua prática espiritual na vida familiar dentro de um contexto laico no ocidente), habilitando-o a desenvolver seu trabalho como professor, tradutor e lama em meio ao mundo laico.