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Livro Portões da Prática Budista
Ensinamentos essenciais de um lama tibetano
Chagdud Tulku Rinpoche
Como um portão que se abre, esta coletânea de ensinamentos apresenta a sabedoria tradicional do budismo tibetano a leitores ocidentais, no estilo único e acessível de Chagdud Rinpoche. Em uma linguagem clara e direta, o livro entremeia histórias da terra natal de Rinpoche, o Tibete, com uma exploração passo a passo dos fundamentos e essência do budismo Vajrayana.
A necessidade de um caminho espiritual
Por que precisamos de um caminho espiritual? Vivemos em um tempo muito atribulado, em que nossas vidas transbordam de atividades, tanto alegres quanto dolorosas. Por que deveríamos reservar um tempo para a prática espiritual?
Conta‑se muito a história de um homem de uma região no norte do Tibete que decidiu fazer uma peregrinação com seus amigos até o Palácio Potala, a residência do Dalai Lama, em Lhasa, um lugar muito sagrado. Era uma viagem que marcava a pessoa pelo resto da vida.
Naquela época, não havia carros ou veículos de qualquer espécie na região, e as pessoas viajavam a pé ou a cavalo. Demorava‑se bastante para chegar a qualquer parte, e era perigoso ir muito longe, já que inúmeros ladrões e bandidos assaltavam viajantes incautos. Por esses motivos, a maioria das pessoas nunca deixava sua região natal. A maioria nunca havia visto uma casa; moravam em tendas pretas tecidas com fibra de pelo de iaque.
Quando esse grupo de peregrinos finalmente chegou a Lhasa, o homem do norte ficou assombrado com o Palácio Potala e seus múltiplos andares, suas muitas janelas e a vista espetacular da cidade que se descortinava do interior. Ele enfiou a cabeça por uma abertura bem estreita que servia de janela para ter uma visão melhor, virando a cabeça para a direita e para a esquerda, enquanto olhava a vista ali em baixo. Quando seus amigos o chamaram para ir embora, ele puxou a cabeça para trás com um solavanco forte, mas não conseguia tirá‑la da janela. Ficou muito nervoso, puxando de um lado para o outro.
Por fim, concluiu que estava realmente entalado. Então disse a seus amigos:
— Podem ir para casa sem mim. Digam a minha família que a notícia ruim é que morri, mas que a notícia boa é que morri no Palácio Potala. Haveria lugar melhor para alguém morrer?
Os amigos eram também gente muito simples, de modo que, sem muito refletir, concordaram e foram embora. Algum tempo depois, o zelador do templo apareceu e perguntou:
— Mendigo, o que você está fazendo aí?
— Estou morrendo — ele respondeu.
— Por que você acha que está morrendo?
— Porque minha cabeça está entalada.
— E como é que você a pôs aí?
— Eu a enfiei fazendo assim.
O zelador respondeu:
— Então tire‑a da mesma maneira que a colocou!
O homem fez o que o zelador sugeriu e se soltou.
Como esse homem, se conseguirmos enxergar de que forma estamos presos, poderemos cortar nossas amarras e ajudar os outros a fazer o mesmo. Mas, primeiramente, precisamos entender como viemos parar onde estamos.
(Págs. 14-15)
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